quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sabedoria plena


Clarice Lispector

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Descobertas


Mário Quintana


Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos
todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas
as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

OBS: o título dessa postagem não é o mesmo do poema do Quintana. Eu escolhir postar com esse título devido eu achar que tem tudo a ver!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Promessas


Autor desconhecido


Prometo
Prometo buscar o amor dentro do seu coração,
Prometo cultivá-lo,
Prometo lhe dar consolo quando precisar.
Prometo te amar,
Fazer dos problemas
Momento insignificantes.
Prometo te dar apoio,
Compreensão.
Te prometo acima de tudo
A minha amizade.
Prometo estar sempre do seu lado.
Prometo encontrar seus sorrisos
E enxugar suas lágrimas.
Prometo ficar acordado Velando por teu sono.
Prometo que vou buscar todas
As formas para lhe fazer feliz.
Prometo que as estrelas serão suas
E a lua será nossa...
São milhões de promessas
De um Verdadeiro Amor sem limites,
Que jamais terá fim
"PROMETO..."

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ânsias


Texto de Betto Aragão

Fico com ânsia de te ouvir e te ver pelas estradas que outrora traçamos juntos.
Por entre as paredes que um dia estive contigo, hoje vivo com desejo de te ter e te tocar novamente.
Vivo e te buscar no brilho de olhos alheios aos meus, eu meu olhar busco reflexos de você.
Ansioso pela vida, por veredas estranhas insisto em passar. Caminhos que sei, você sempre anda por eles. Busco sempre esses caminhos e quando te encontrar fingirei que foi mero acaso. Ao te encontrar quero sentir de leve um forte estremecer visceral e, com alegria, ainda que eu não possa te tocar, vou te ver e passar perto de você.
Fico todo torto, até sem jeito de falar, eu sei que me ligas e mal falas também. Eu... ahhh. As poucas palavras que saem são balbuciadas, pois fico com ânsias e sem jeito de expressar meu nobre sentimento por ti. Sinto um desejo, quando te vejo...
Deixa para lá. De que vale expressar se não posso te tocar?

A lista




Oswaldo Montenegro



Faça uma lista de grandes amigos Quem você mais via há dez anos atrás Quantos você ainda vê todo dia Quantos você já não encontra mais... Faça uma lista dos sonhos que tinha Quantos você desistiu de sonhar! Quantos amores jurados pra sempre Quantos você conseguiu preservar... Onde você ainda se reconhece Na foto passada ou no espelho de agora? Hoje é do jeito que achou que seria Quantos amigos você jogou fora? Quantos mistérios que você sondava Quantos você conseguiu entender? Quantos segredos que você guardava Hoje são bobos ninguém quer saber? Quantas mentiras você condenava? Quantas você teve que cometer? Quantos defeitos sanados com o tempo Eram o melhor que havia em você? Quantas canções que você não cantava Hoje assobia pra sobreviver? Quantas pessoas que você amava Hoje acredita que amam você?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Viramundo

Betto Aragão

Andando pela vida, caminhos obscuros trilhados e compartilhados, ora por gente honesta, ora por pessoas que não valem absolutamente nada. Seres que se acham espertos e desenrolados.

Aprendi que seres que se dizem espertos e inteligentes são desenrolados para enrolar os outros, pois nada sabem de concreto. Se perdem nas palavras proferidas, nas entrelinhas se afogam e submergem em solidão e tristeza. Remorsos surgem para fazer essa gente acordar, mas são tão burros que não se dão conta e seguem no erro da burrice.

Preferem continuar submersas no vazio da própria subjetividade atracando íntimos alheios. Na vida quase sempre se prefere perder sempre a perder de uma só vez. Permita-me explicar! Quando amamos alguém por exemplo, e essa pessoa não nos ama, mesmo ela nos destruindo, nos traindo em todas as dimensões, queremos continuar com ela. Pois, temos a esperança que a mesma vai mudar e nos prendemos a alguém sem valor. Na insistência de continuarmos, passaremos a perder sempre ao invés de perder apenas uma vez, deixar de lado esse ser que “amamos” mas, que não nos ama. A felicidade consiste em acabar uma coisa para começarmos outra. Um minuto em nossa vida nunca é mais, vai ser sempre menos. Pensem nisso!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Os votos


Poema de Sérgio Jockymann



Pois desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado.

E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.

Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e inconseqüentes sejam corajosos e fiéis.

E que em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua confiança.

E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que algumas vezes você interprele a respeito de suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente seguro.

Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente útil mas razoavelmente útil.

E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente.

E que essa tolerância nem se transforme em aplauso nem em permissividade, para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.

Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais,
e que sendo maduro não insista em rejuvenescer,
e que sendo velho não se dedique a desesperar.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.

Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, nem um mês e muito menos uma semana,
mas um dia.

Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Tabacaria


Fernando Pessoa

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime...